Nascido em lar adventista, habituei-me a ouvir falar da perseguição – esse período difícil que o povo de Deus irá enfrentar pouco antes da segunda vinda de Jesus.
Preocupado com a possibilidade de passar fome durante a perseguição, um piedoso irmão nosso, muitos anos atrás, armazenou boa quantidade de alimentos enlatados e os enterrou no quintal de sua casa. Quando a perseguição viesse, e não mais fosse possível comprar nem vender, ele poderia ao menos garantir sua sobrevivência durante algum tempo.
Mas o tempo passou, as latas enterradas se enferrujaram, os alimentos se estragaram, nosso irmão morreu e a perseguição não veio. E se tivesse vindo, teria ele se beneficiado dessa provisão?
Ainda hoje vejo muitos adventistas sofrendo dessa doença que chamo de “Síndrome da Perseguição”. Trata-se de uma doença espiritual, que ataca pessoas boas, mas que concentram seus preparativos e atenções mais na perseguição do que na segunda vinda de Jesus.
Ora, se cremos que durante o tempo de angústia o nosso pão e a nossa água serão certos, qualquer preparo material que façamos agora será tão infrutífero como o dos israelitas que guardaram maná para o dia seguinte, durante sua peregrinação pelo deserto. O resultado foi que o maná deu bichos e cheirava mal (ver Êx 16:19, 20).
Que lição se pode tirar de tais experiências?
Que o único preparo a ser feito agora, para o tempo de angústia, é de caráter espiritual.
Lembremo-nos da recomendação que Ellen G. White fez a esse respeito: “O Senhor tem-me mostrado repetidamente que é contrário à Bíblia fazer qualquer provisão para o tempo de angústia. Vi que se os santos tivessem alimento acumulado por eles no campo no tempo de angústia, quando a espada, a fome e pestilência estão na Terra, seria tomado deles por mãos violentas e estranhos ceifariam os seus campos. Será para nós então tempo de confiar inteiramente em Deus, e Ele nos sustentará. Vi que nosso pão e nossa água serão certos nesse tempo, e que não teremos falta nem padeceremos fome, pois Deus é capaz de estender para nós uma mesa no deserto. Se necessário, Ele enviaria corvos para alimentar-nos, como fez com Elias, ou faria chover maná do céu, como fez para os israelitas” (Primeiros Escritos, p. 56).
Se você crê nessas promessas, não há por que sofrer antecipadamente a perseguição.
Rubem M. Scheffel
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