terça-feira, 19 de abril de 2016

Esperança para os imperfeitos



Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos. Tiago 5:17

Para nós, seres humanos imperfeitos, chega a ser um consolo saber que personagens bíblicos ligados ao coração de Deus, como Davi, Abraão, Moisés, Jacó, Sansão, Elias e outros, também eram falíveis, e alguns deles chegaram a cometer erros graves, como homicídio. Moisés e Elias já estão desfrutando das delícias da eternidade e os demais receberão a vida eterna quando Jesus voltar.

Isto indica que no Céu haverá pessoas de vários níveis espirituais. O ladrão arrependido estará lá, ao lado de gigantes da fé, como Abraão, Enoque e Daniel. Se só houvesse lugar para pessoas como Daniel, por exemplo, que “era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa” (Dn 6:4), muitos de nós ficaríamos de fora.

Que coisa extraordinária! Daniel era irrepreensível, no qual não se achava nenhum erro ou culpa. Eu o admiro por isso. Mas, como sou imperfeito e falho, me sinto confortado ao ler que “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos”.

O que Tiago está dizendo, nesse verso, é que Elias era um ser humano comum, sem nenhuma vantagem sobre nós. Embora fosse um profeta de Deus, também possuía as fraquezas dos demais mortais. No entanto, Deus operou milagres poderosos por intermédio dele. Em atendimento a uma oração sua não choveu sobre a terra nos anos seguintes; além disso, ele derrotou os profetas de Baal, no Monte Carmelo, multiplicou o azeite da viúva de Sarepta, e quando o filho desta morreu, orou e o devolveu com vida à sua mãe.

Mas, logo depois desses feitos espetaculares, Elias se acovardou diante da ameaça da rainha Jezabel e fugiu para o deserto, a fim de salvar a vida. Lá ele orou a Deus pedindo a morte! (1Rs 19:1-4). Ora, se ele queria morrer, por que não deixou que Jezabel o pegasse?

A verdade, porém, é que quando ele pensou ter alcançado a vitória, foi derrotado. E quando achou que tudo estava perdido e quis morrer, Deus lhe mostrou o caminho da recuperação.

É assombroso pensar que um homem que desejou morrer, pouco tempo depois tenha sido trasladado para o Céu sem ver a morte. No momento em que nos sentimos abandonados por todos e longe de Deus é quando Ele está mais perto. Podemos, então, estar apenas a um passo da eternidade, como Elias.

E como Deus trasladou Elias, que era semelhante a nós, da beira do abismo para a morada da eterna felicidade, Ele poderá fazer isso também por você e por mim, se tão-somente lhe estendermos a mão e dissermos: “Eu quero, Senhor!”

 Rubem M. Scheffel

Palavras de vida ou morte


Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas. Deuteronômio 30:19

No verão de 1945 os líderes japoneses perceberam que a Segunda Guerra Mundial estava perdida para eles. A questão, agora, era como negociar a paz.

Em 26 de julho de 1945, a Declaração Potsdam, exigindo a rendição do Japão, foi irradiada para aquele país. Os líderes japoneses não pretendiam rejeitar totalmente a Declaração. Queriam usá-la como base para as suas negociações. Mas precisavam de tempo para planejar sua resposta.

Mas a imprensa japonesa estava pressionando, exigindo uma declaração. Assim, em 28 de julho o Primeiro-ministro Suzuki falou à imprensa. Ele declarou que o governo estava adotando uma política de “mokusatsu”.

Acontece que a palavra “mokusatsu” não tem um equivalente exato em inglês. Ela é um pouco vaga mesmo em japonês. Podia tanto significar que o governo japonês decidira “não fazer comentários” (que era o sentido pretendido pelo Primeiro-ministro), ou que o governo decidira “ignorar a Declaração”.

Infelizmente, porém, sua declaração foi ambígua aos jornalistas presentes. E a Agência de Notícias Japonesa irradiou, em inglês, que o Governo Japonês decidira ignorar a Declaração Potsdam.
Alguns dias mais tarde explodiram as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. Duzentas mil pessoas morreram por causa de uma palavra mal traduzida!

Outro exemplo trágico da importância de uma palavra está na morte de Dag Hammarskjold, que foi secretário geral da ONU, de 1953 a 1961.

Dag estava em missão de paz no Congo. Mas na noite de 17 para 18 de setembro de 1961, o avião em que ele viajava caiu na Zâmbia e explodiu. A causa do acidente permaneceu um mistério durante muito tempo. Então os investigadores descobriram que na cabina de comando do avião destroçado havia um mapa aberto para Ndolo, que é o nome do aeroporto em Leopoldville (agora Kinshasa), no Congo.

O problema, porém, é que o seu destino era uma cidade chamada Ndola, na Zâmbia. Estudando o mapa de Ndolo, em vez de Ndola, o piloto achou que ainda devia descer mais 300 metros para aterrissar na pista de Ndola. Mas ele estava olhando o mapa errado. E em meio à escuridão da noite, o avião mergulhou no solo e explodiu.

Ndolo. Ndola. A diferença entre estes dois nomes é uma letra. Mas essa letra fez a diferença entre a vida e a morte.

A diferença entre a vida eterna e a morte eterna também depende apenas de uma palavra: sim ou não. Diga sim à vida que Cristo lhe oferece.

 Rubem M. Scheffel,

Como lidar com a violência


Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Mateus 5:39, 40

O comerciante Alexandre Gouveia Zahur, de 27 anos, foi morto com três tiros, ao reagir a uma tentativa de assalto, no Rio de Janeiro. O coronel do Exército Joel Valente Passos, de 56 anos, levou um tiro na cabeça, quando tentava fugir de assaltantes, e morreu.

Em caso de assalto ou agressão, temos sempre três alternativas: reagir, fugir ou dar a outra face. O comerciante mencionado acima reagiu e foi morto. O coronel tentou fugir, e também foi morto. E esses não são casos isolados. Basta acompanhar o noticiário para perceber que essas ocorrências são frequentes. Qual a melhor opção? Aquela indicada por Cristo: não resistir.

O assaltante exige dinheiro? Dê-lhe o dinheiro e também o relógio. “As pessoas devem aprender de uma vez por todas que não podem reagir a assaltos”, afirmou o comandante Naor Huguenin, do 6º BPM.

O comandante Huguenin não estava ensinando nenhuma novidade. Cristo já havia dito isto 2000 anos atrás. E se Alexandre Zahur e o Coronel Passos tivessem posto em prática esse conselho, ainda poderiam estar vivos.

Nem fugir nem reagir. Quem foge geralmente é perseguido, pois a fraqueza é cúmplice da ferocidade alheia. Por outro lado, quem revida a uma agressão estimula o agressor a ser ainda mais violento, levando-o até a disparar a arma, e então um dos dois poderá perder a vida.

Não resistir, e ainda oferecer a outra face, apesar de parecer absurda, é, de longe, a melhor alternativa. Porque é uma demonstração de coragem moral e domínio próprio, que, por serem raros, geralmente surpreendem o agressor, deixando-o confuso e envergonhado.

O conselho de Cristo é superior à lei do “olho por olho, dente por dente”, porque quebra o ciclo de hostilidades, introduzindo graciosamente o perdão onde se esperava justiça.

Para Jesus, o inimigo não é um alvo a ser eliminado, mas um ser humano a ser redimido. Se não fosse assim, como poderíamos entender Suas palavras na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34)?

Dar a outra face e perdoar são atitudes nobres, que abrem a porta para a paz e a reconciliação. Não é fácil, mas é a melhor alternativa.


Rubem M. Scheffel, 

Resposta à oração da fé


E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; [...] e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo. Tiago 5:15, 16

Na Nicarágua, um médico cubano foi ao Hospital Adventista para operar uma pessoa. Antes do início da cirurgia, uma das enfermeiras perguntou ao médico:
– Doutor, o senhor não vai fazer uma oração antes de começar?
– Enfermeira – respondeu o médico – eu já fiz muitas vezes essa cirurgia. Posso fazê-la sozinho, e não preciso de Deus.

A cirurgia foi iniciada. De repente, o anestesista chamou a atenção do médico para a pressão, que começava a cair. Aquele médico se empenhou ao máximo para salvar a vida do paciente. Uma hora depois, nada mais havia a ser feito. O paciente veio a falecer.

O médico tirou as luvas, jogou-as em cima do corpo e disse à enfermeira:
– Enfermeira, se o teu Deus pode fazer alguma coisa, então que Ele comece a trabalhar! – E saiu da sala a fim de dar a notícia para a família.
As duas enfermeiras ficaram ali, junto ao corpo. Então, uma delas disse:
– Não pode ser. Deus não pode ser zombado dessa maneira!
As enfermeiras se ajoelharam, dentro da sala de cirurgia, e oraram dizendo:
– Senhor, agora é a Tua vez. É o momento da Tua intervenção!
Levantaram-se, e mediram a pressão do paciente. Zero. Ajoelharam-se de novo e oraram com mais fervor ainda, suplicando:
– Senhor, é a Tua hora. Mostra o Teu poder!

Levantaram-se e ouviram o aparelho do eletrocardiograma começar a fazer os seus bips. A pressão voltara ao normal. Tudo estava normal, e o paciente, sem anestesia, estava com o campo operatório todo aberto. Uma das enfermeiras saiu correndo para avisar o médico de que o paciente estava vivo. O médico voltou à sala, completou a cirurgia e, uma semana depois, o paciente teve alta.

Aqui está um exemplo eloquente do poder da oração intercessória, feita com fervor. Esta é uma condição essencial: a oração deve ser feita com fé, por alguém que se distingue por sua fé.

Mas, é interessante notar que Deus não atendeu à oração do apóstolo Paulo, para que lhe fosse tirado o “espinho na carne, mensageiro de Satanás” (2Co 12:7-10). O problema não era falta de fé do apóstolo. Deus permitiu que esse problema o afligisse para protegê-lo do orgulho.

Portanto, a afirmação de Tiago não é incondicional como alguns pensam. Ela deve ser entendida assim: “E a oração da fé salvará o enfermo, se Deus achar que isto é o melhor para ele.” A oração da fé sempre deve incluir o seguinte pensamento submisso: “Se isto for da Tua vontade.”

 Rubem M. Scheffel

O que os outros vão dizer? - Rubem M. Scheffel


Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. Mateus 27:22

Eu tinha dez anos de idade, e havia concluído o antigo curso primário. A formatura fora marcada para alguns dias depois do término das aulas. No dia marcado, saí de casa malvestido, pensando que iria à escola apenas para buscar meu primeiro diploma. Estava de calças curtas e pés descalços.

Ao chegar à escola, a diretora olhou para mim e perguntou:
– Sua mãe sabe que você veio para a formatura vestido desse jeito?
– Não, ela não me viu sair.

Logo percebi que havia cometido um equívoco, pois todos os demais colegas estavam bem vestidos, e que a entrega do diploma seria uma solenidade pública e não particular, como eu havia imaginado. Passei vergonha quando o meu nome foi chamado, e tive de ir à frente receber o canudo.

Ao chegar em casa, minha mãe ficou horrorizada ao me ver.
– Você foi assim para a escola? – exclamou ela. – O que é que os outros vão dizer? Vão pensar que você não tem mãe!
Minha mãe se preocupava muito com a opinião pública, e ainda me soam aos ouvidos o que ela me disse inúmeras vezes: “O que é que os outros vão dizer?”

Devemos nos preocupar com a opinião alheia ou ignorá-la, vivendo nossa vida como bem nos parecer, indiferentes ao que os outros possam dizer ou pensar?

Não há dúvida de que a opinião pública é, muitas vezes, um tirano que não ousamos desafiar. A ditadura da moda é um exemplo. Muitas pessoas podem até não gostar dela, mas acabam adotando-a por medo de saírem à rua e serem consideradas antiquadas.

A Palavra de Deus descreve alguns personagens que sucumbiram perante a opinião pública e outros que a desafiaram. Pilatos foi um desses homens de caráter fraco que, embora convencido da inocência de Jesus, e até mesmo desejoso de libertá-Lo, acabou condenando-O à morte por exigência da multidão.

No extremo oposto vemos homens como Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que não aceitaram curvar-se perante a estátua de ouro erigida pelo rei Nabucodonosor. Permanecendo eretos diante de Deus e de suas convicções, ousaram desafiar não só a opinião pública, mas o próprio decreto do rei.
Não está longe o dia em que cada filho de Deus terá de desafiar abertamente o mundo e suas imposições ecumênicas, para não transigir com a consciência. Que Deus dê a cada um, nessa hora, a coragem de Lutero, para enfrentar os seus opositores e declarar: “Não posso retratar-me. Aqui permaneço. Que Deus me ajude. Amém!”

 Rubem M. Scheffel

Conhecedores da época - Rubem M. Scheffel


Da tribo de Issacar havia 200 chefes – todos eles eram homens que conheciam bem os fatos daquele tempo, e sabiam qual o melhor caminho para Israel seguir. 1 Crônicas 12:32, BV

O texto acima nos diz que os filhos de Issacar eram homens bem informados. E isto em uma época em que não havia rádio nem televisão. As notícias corriam de boca em boca, o que também é uma forma eficaz de comunicação.

E agora vem a segunda parte do texto: “E sabiam qual o melhor caminho para Israel seguir”. Porque os filhos de Issacar eram bem informados, eles tinham melhores condições do que qualquer outra pessoa, de dizer o que Israel devia fazer, de apontar-lhes o caminho a seguir. E isto é verdade ainda hoje: um líder mal informado não deveria liderar nada, pois não tem condição de apontar aos liderados o caminho a seguir. Uma pessoa que está “por fora” dos acontecimentos não pode dirigir bem um país, uma empresa ou uma igreja.

Entretanto, é bom frisar que não só os líderes devem estar bem informados, mas cada membro da igreja. É inconcebível que nesta era de comunicação instantânea alguém não saiba das coisas.
Os discípulos de Cristo, dois milênios atrás, demonstraram interesse em conhecer os tempos, ao Lhe perguntarem: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século” (Mt 24:3).

Em resposta, Cristo fez uma profecia que salvou milhares de vidas: “Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça a tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa” (Mt 24:15-18).
A profecia de Daniel havia deixado claro que os exércitos romanos seriam o agente de destruição. Tal e qual Cristo havia predito, 35 anos mais tarde, o exército romano comandado por Céstio cercou Jerusalém. E começaram a lutar junto ao templo. Era o sinal para que os cristãos fugissem. Mas fugir como?

Foi então que se deu o livramento providencial. Sem a menor razão aparente, Céstio retirou-se. E quando os zelotes abriram os portões e se lançaram em perseguição aos romanos, os cristãos, que durante 35 anos haviam conservado na memória a profecia de Cristo e acompanhado os acontecimentos, entenderam que o momento predito havia chegado. E fugiram para os montes próximos.

Nenhum cristão morreu na destruição de Jerusalém. Porque se mantiveram atentos, comparando a palavra profética com o noticiário.

 Rubem M. Scheffel

Escolhido para aplaudir - Rubem M. Scheffel


A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. 1 Coríntios 12:28

Um garoto chamado Jaime Scott se inscreveu para participar da apresentação de uma peça teatral em sua escola. Sua mãe revelou que ele havia colocado o coração nisso, mas ela temia que ele não fosse escolhido.

No dia em que as várias partes foram distribuídas, ela foi buscá-lo na escola. Quando a sineta tocou, no fim das aulas, Jaime saiu porta afora, ao encontro da mãe. Seus olhos brilhavam de orgulho e emoção.

– Adivinhe, mãe! – exclamou ele.
E ante o espanto da mãe, o garoto lhe disse com entusiasmo:
– Fui escolhido para bater palmas!

Que sabedoria tiveram as professoras ao dizer ao pequeno Jaime que ele não havia sido escolhido para representar no palco, mas para fazer a sua parte no auditório! E que humildade, da parte do garoto, em aceitar essa incumbência com alegria! Ele queria participar da peça, não importava como nem onde, e conseguiu. E estava feliz por isso.

A sociedade e a igreja precisam desses dois grupos de pessoas: os que vão à frente, falam e aparecem, e os que atuam na retaguarda, muitas vezes no anonimato, mas nem por isso são menos importantes. Porque realizam um trabalho de apoio, necessário aos que estão na linha de frente.
Imagine se todos atuassem como primeiro violino em uma orquestra! Ou se todos, num coral, cantassem a primeira voz. O fato é que alguém precisa ficar na retaguarda, e tocar contrabaixo, trompa, ou cantar barítono e baixo, para que haja contraste e os sons se completem.

Esta é a razão pela qual Deus concedeu diversidade de dons à igreja. Nem todos podem ser apóstolos. Nem todos são pregadores. Muitos poderão pertencer ao grupo de apoio, que muitas vezes trabalha no anonimato. Mas, sua obra é indispensável.

Que ninguém fique ressentido ou enciumado, pensando que seu trabalho não aparece ou não é reconhecido. Lembre-se do garoto que salvou a vida do apóstolo Paulo, mas o registro sagrado nem ao menos menciona o nome dele. Ele passou à história apenas como “o filho da irmã de Paulo” (At 23:16).

É possível que não apareçamos tanto quanto Pedro, nem brilhemos como Paulo. Mas há uma coisa que sempre podemos fazer: conduzir pessoas a Jesus.

Rubem M. Scheffel, 

A porta estreita


Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Mateus 7:13, 14

Eu ainda era garoto, quando um dia, durante o culto familiar, meu pai leu o texto acima. Ele parou a leitura por uns momentos e comentou o que o texto dizia, isto é, que a salvação é difícil, e é um privilégio de poucos. Por outro lado, é muito fácil se perder, e é o que vai acontecer com a maioria das pessoas. Todos nós concordamos. Afinal, não foi o próprio Cristo que disse isto?

Cresci com essa ideia de que a salvação é difícil e é para poucos. É só para gente muito consagrada, dedicada inteiramente às coisas celestiais. Por outro lado, a perdição é um caminho espaçoso, ensaboado, ladeira abaixo e, uma vez que a pessoa caia nele, é muito difícil conseguir sair.
Hoje, no entanto, devo dizer que penso exatamente o contrário, isto é, que é fácil ser salvo. Difícil é se perder. Uma pessoa que me ajudou a mudar de ideia, foi o Dr. Raoul Dederen, que foi professor de teologia na Universidade Andrews. Ao entrevistá-lo, um dia, ele me disse que o sacrifício de Cristo na cruz foi tão grande, tão poderoso, que poderia ter salvo o Universo inteiro, e que para alguém se perder, precisa declarar que não quer ser salvo. Porque, quem cala, consente. Portanto, se você se cala, já está consentindo em ser salvo.

Então, pensei: “Preciso dizer isso aos meus pais.” Um dia, ao visitá-los, mencionei essa ideia à minha mãe. Ela arregalou os olhos, e como se fosse a maior pecadora deste mundo, exclamou: “Mas, desse jeito, até eu posso ser salva!” E eu confirmei: “É isso mesmo, mãe. Desse jeito, até eu também posso ser salvo!”

Concordemos ou não com as palavras do Dr. Dederen, o fato é que Deus tomou todas as providências, para que aquele que crê, não pereça. Ele não quer “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2Pe 3:9).

O preço pago pela nossa salvação foi muito alto, e Deus não deseja que apenas umas poucas pessoas se beneficiem do infinito sacrifício feito por Cristo. Portanto, desista da ideia de que é fácil se perder, pois Deus está decidido a salvar cada pessoa.

Mas se é assim, então o que quer dizer o texto de Mateus 7:13 e 14, mencionado no início? É simples: João 10:7 e 9 deixa claro que Jesus é essa porta estreita que poucos encontram. Se já aceitou Jesus como seu Salvador pessoal, você já achou a porta estreita, e está no caminho que conduz para a vida.

 Rubem M. Scheffel

Inversão de valores


Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam. Mateus 6:19

Por ocasião do naufrágio do Titanic, uma senhora ocupou o seu lugar no bote salva-vidas que estava para ser baixado às águas encapeladas do Atlântico Norte. De repente, ela se lembrou de algo que iria precisar, de modo que pediu permissão para voltar ao seu camarote, antes que partissem. Deram-lhe três minutos. Se não voltasse nesse prazo, partiriam sem ela.

Ela correu pelo convés, que já se inclinava num ângulo perigoso. Atravessou o salão de jogo, com todo o dinheiro que havia rolado para um canto até à altura do tornozelo. Entrou em seu luxuoso camarote e rapidamente empurrou para o lado os anéis de diamante, braceletes e colares que possuía, a fim de pegar, na prateleira acima de seu leito, três pequenas laranjas. E voltou apressadamente para o bote.

Trinta minutos antes ela não teria trocado um engradado de laranjas pelo menor dos seus diamantes. Mas agora a morte estava a bordo do Titanic. E o seu trágico sopro havia transformado todos os valores. Instantaneamente, joias preciosas haviam se tornado sem valor. E coisas sem valor haviam se tornado preciosas. Naquele momento, ela trocaria uma caixa de diamantes por três pequenas laranjas.
Há eventos na vida que têm o poder de transformar a maneira como encaramos o mundo.

Geralmente, quando nos acontecem tragédias inesperadas, como falência, perda de um ente querido, perda da saúde e da liberdade, é que nos damos conta dos verdadeiros valores. Foi com essa intenção que Jesus contou a parábola do Rico Insensato, o qual havia acumulado uma enorme soma de dinheiro que lhe permitiria viver muitos anos sem trabalhar – só comendo, bebendo e se divertindo. Queria desfrutar esta vida como se fosse viver para sempre. Mas Jesus o chamou de volta à realidade dizendo: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lc 12:20, 21).

Não é pecado ser rico. Abraão, Jó, Salomão, Nicodemos e outros personagens bíblicos eram muito ricos. E a Bíblia nada fala contra a riqueza desses homens. Na verdade, a Bíblia diz que Deus é quem nos dá forças para adquirirmos riquezas (Dt 8:18).

O grande problema desse fazendeiro era que, além de acumular riqueza só para si, ele não era rico para com Deus. Daí o conselho de Cristo a todos nós: “Mas ajuntai para vós outros tesouros no Céu” (Mt 6:20).

 Rubem M. Scheffel

Depressão - Rubem M. Scheffel


Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Salmo 43:5

Há um hino muito conhecido que diz: “Sempre alegre, sempre alegre é o viver do bom cristão” (Hinário Adventista, nº 219). Entretanto, a maioria dos cristãos que conheço, e entre os quais eu me incluo, não vive o tempo todo alegre, cantarolando e assobiando, como se a vida fosse um eterno mar de rosas.

Todos nós temos nossos momentos de aflição, dor e desânimo. E este fato também se acha expresso na letra de outros hinos que cantamos: “Dias turvos há em que busco em vão o semblante de meu Jesus” (375). “Quando te vêm tristezas, dores ao coração, olha com fé pra cima” (272). “Se amargas tristezas da vida curvarem-te a fronte em dor” (360). O hino 297 do Hinário Adventista fala nas “dores que a mim vêm assolar”.

As estatísticas sobre depressão indicam que este é o mal do século 21. Os psicoterapeutas explicam que a falta de sono, combinada com uma dieta imprópria e falta de exercício, pode contribuir para a depressão. Mas as principais causas são de natureza psicológica, como solidão, estresse, sentimento de culpa, ira ou uma perda dolorosa, como falência, divórcio ou morte de um ente querido.

Nas Escrituras Sagradas encontramos pessoas devotas que sofreram de depressão. Davi, por exemplo, era músico talentoso, corajoso guerreiro e herói, aclamado pelas mulheres de Israel. Uma pessoa ilustre, popular, bem-sucedida como Davi, deveria ser imune à depressão. Mas é interessante notar que todas as causas de depressão mencionadas acima – solidão, estresse, culpa, ira e perda dolorosa – estavam presentes em sua vida.

Recapitulemos alguns fatos: Davi matou o gigante Golias com sua funda, tornando-se um herói popular, o que deixou o rei Saul com inveja. O irado rei procurou matar seu jovem rival. Davi precisou fugir pelos fundos de sua casa e ir para o deserto, perseguido pelo exército de Saul. Para completar sua desgraça, o rei tomou-lhe a bela esposa e a deu a outro homem.

Davi, que era recém-casado, entrou em depressão, o que é compreensível. E em meio às profundezas do desespero, clamou: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” Mas apesar do desânimo, Davi se recusou a abandonar sua fé em Deus. Ele preferiu continuar confiando na providência divina, e no mesmo verso aponta a solução para si mesmo: “Espera em Deus, pois ainda O louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 43:5).

Qualquer que seja a nossa situação, também podemos encontrar refúgio nos braços amorosos de Deus e, mesmo nas horas mais sombrias de nossa vida, louvá-Lo pelo Seu poder para nos salvar.

 Rubem M. Scheffel,

Farol dianteiro


Os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro. Eclesiastes 9:1

Quando o escritor e memorialista Pedro Nava completou 80 anos de idade, foi entrevistado por uma repórter, que lhe perguntou:
– Como é ter 80 anos?
– Não é grande coisa – respondeu Nava. – Melhor é ter vinte, como você.
– E toda essa experiência não é nada? – insistiu a repórter.
– A experiência é um farol na traseira do carro – contestou o escritor. – Só alumia para trás. Mostra onde você errou, onde acertou.
Nava estava querendo dizer que a experiência de toda uma vida não lança luz sobre o futuro. Oitenta anos de erros e acertos continuam inúteis no sentido de evitar futuros tropeções. Oitenta anos tateando nas trevas! Assim é a vida do ser humano, quando não tem um farol dianteiro a lhe guiar os passos.

No início de um novo ano, muitos adivinhadores apontam seus holofotes em direção ao futuro, tentando desvendar o que acontecerá no novo ano. Consultam orixás, bolas de cristal, cartas ou búzios, e saem a público, alardeando suas predições. Algumas delas eventualmente se cumprem, ou por acaso, ou porque Satanás os inspira a pronunciá-las, já que “pela experiência adquirida através dos longos séculos, ele pode raciocinar partindo das causas aos efeitos, e predizer muitas vezes, com certo grau de precisão, alguns dos acontecimentos futuros da vida do homem” (Patriarcas e Profetas, p. 687).

Pela observação do passado e do presente, é possível prevermos tendências e comportamentos, da mesma maneira como as empresas, baseadas nos dados passados e atuais, fazem projeções de vendas para os anos seguintes. E a margem de erro muitas vezes é pequena.

Não há nenhum inconveniente nisto. O que é condenado pela Palavra de Deus é o consultar espíritos familiares, pois a prática do ocultismo é abominação ao Senhor.

Por que repetir isso ao povo de Deus? Porque alguns consultam o seu horóscopo alegando que “geralmente dá certo”. Outros o fazem movidos pela curiosidade. Devemos ser um povo sábio, não nos deixando enganar por aqueles que acreditam na influência dos astros sobre a vida humana.
O que precisamos saber está revelado na Palavra de Deus. Este é o único farol dianteiro que lança luz sobre o futuro.

 Rubem M. Scheffel,

Enfrentando os gigantes


Achei a Davi, filho de Jessé, homem segundo o Meu coração, que fará toda a Minha vontade. Atos 13:22

Muitos não conseguem entender como, Davi, tendo sido homicida e adúltero, pôde ser um homem “segundo o coração de Deus”. Mas é bom lembrar que “o caráter se revela, não por boas ou más ações ocasionais, mas pela tendência das palavras e atos costumeiros” (Caminho a Cristo, p. 57).
É verdade que Davi tinha fraquezas, como todos nós. Era homem de guerra, sanguinário, e por isso Deus não lhe permitiu construir o Templo (ver 1Cr 22:7, 8). Além disso, condescendeu com pecados sexuais. Se ele vivesse hoje, e fosse membro da igreja, certamente seria removido.

Mas ele também tinha virtudes. E uma delas era a capacidade de arrepender-se. Quando o profeta Natã lhe revelou o duplo pecado que cometera (homicídio e adultério), Davi prontamente reconheceu sua culpa, exclamando: “Pequei contra o Senhor” (2Sm 12:13). E então orou a Deus, pedindo-Lhe: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51:10, ARC).
Davi também tinha a virtude de confiar em Deus sem reservas. Ao ouvir as bravatas e desafios de Golias, encheu-se de santa ira e dispôs-se a enfrentar o gigante filisteu “em nome do Senhor dos Exércitos” (1Sm 17:45). E quando o rei Saul tentou dissuadi-lo dessa arriscada aventura, dizendo-lhe que ele ainda era moço e inexperiente, ao passo que o filisteu era “homem de guerra desde a sua mocidade” (v. 33), Davi recordou-lhe que, no passado, ele já havia enfrentado um leão e um urso, e o Senhor o havia livrado de ambos. Consequentemente, haveria de livrá-lo também da mão de Golias.

Ao enfrentarmos os desafios de um novo dia, lembremo-nos de como Deus nos protegeu no passado e, com base nesses livramentos, tenhamos confiança de que Ele nos dará também hoje a vitória sobre os gigantes que encontrarmos em nosso caminho.

“Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 162).

 Rubem M. Scheffel

O conselho de Gamaliel - Rubem M. Scheffel


Não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina. Efésios 4:14

Muitos ventos de doutrina têm soprado de todas as direções sobre a igreja de Deus. Ideias estranhas têm encontrado guarida em nosso meio, levando líderes, pastores e membros a temer pela unidade da igreja. Tempo e recursos que deveriam ser devotados à pregação do evangelho, têm sido desviados para combater o erro.

Desde a era apostólica a igreja enfrenta heresias e dissidências, mas ao nos aproximarmos do fim da história terrestre, podemos esperar os mais virulentos ataques do inimigo, em sua tentativa de destruir o povo de Deus.

Na verdade, o próprio cristianismo foi, em seu nascedouro, considerado uma dissidência, levando os líderes judaicos a se reunirem no Sinédrio para decidir como deveriam ser tratados os líderes dessa nova seita.

A tendência da maioria era esmagar o movimento, matando os apóstolos. Foi quando se levantou no Sinédrio um fariseu chamado Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo, o qual fez a seguinte admoestação:
“Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque, antes destes dias, se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. “Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. “Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele” (At 5:35-39).

Grande e sábio conselho! Gamaliel se provou sábio e correto, pois aquela obra era realmente de Deus e não pôde, nem poderá jamais ser destruída. Não podemos impedir que os ventos soprem. Eles soprarão sempre, cada vez com mais intensidade. Mas a igreja não cairá.

Por outro lado, podemos ter a certeza de que as dissidências e os movimentos de homens perecerão da mesma maneira como os de Teudas e Judas. Por isso, não devemos nos desviar do caminho para combatê-los. Nossa missão primordial é pregar o evangelho de Cristo, ensinando as multidões a guardar todas as coisas que Ele ordenou.

 Rubem M. Scheffel

A síndrome da perseguição - Rubem M. Scheffel

O seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas. Isaías 33:16

Nascido em lar adventista, habituei-me a ouvir falar da perseguição – esse período difícil que o povo de Deus irá enfrentar pouco antes da segunda vinda de Jesus.

Preocupado com a possibilidade de passar fome durante a perseguição, um piedoso irmão nosso, muitos anos atrás, armazenou boa quantidade de alimentos enlatados e os enterrou no quintal de sua casa. Quando a perseguição viesse, e não mais fosse possível comprar nem vender, ele poderia ao menos garantir sua sobrevivência durante algum tempo.

Mas o tempo passou, as latas enterradas se enferrujaram, os alimentos se estragaram, nosso irmão morreu e a perseguição não veio. E se tivesse vindo, teria ele se beneficiado dessa provisão?
Ainda hoje vejo muitos adventistas sofrendo dessa doença que chamo de “Síndrome da Perseguição”. Trata-se de uma doença espiritual, que ataca pessoas boas, mas que concentram seus preparativos e atenções mais na perseguição do que na segunda vinda de Jesus.
Ora, se cremos que durante o tempo de angústia o nosso pão e a nossa água serão certos, qualquer preparo material que façamos agora será tão infrutífero como o dos israelitas que guardaram maná para o dia seguinte, durante sua peregrinação pelo deserto. O resultado foi que o maná deu bichos e cheirava mal (ver Êx 16:19, 20).

Que lição se pode tirar de tais experiências?
Que o único preparo a ser feito agora, para o tempo de angústia, é de caráter espiritual.

Lembremo-nos da recomendação que Ellen G. White fez a esse respeito: “O Senhor tem-me mostrado repetidamente que é contrário à Bíblia fazer qualquer provisão para o tempo de angústia. Vi que se os santos tivessem alimento acumulado por eles no campo no tempo de angústia, quando a espada, a fome e pestilência estão na Terra, seria tomado deles por mãos violentas e estranhos ceifariam os seus campos. Será para nós então tempo de confiar inteiramente em Deus, e Ele nos sustentará. Vi que nosso pão e nossa água serão certos nesse tempo, e que não teremos falta nem padeceremos fome, pois Deus é capaz de estender para nós uma mesa no deserto. Se necessário, Ele enviaria corvos para alimentar-nos, como fez com Elias, ou faria chover maná do céu, como fez para os israelitas” (Primeiros Escritos, p. 56).

Se você crê nessas promessas, não há por que sofrer antecipadamente a perseguição.


Rubem M. Scheffel

Trabalhando sem salário

Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário. Jeremias 22:13

Tenho um amigo que trabalhou dois anos em uma firma sem receber salário. Tendo mulher e filhos para sustentar, conseguiu sobreviver durante todo esse tempo com a renda de alguns imóveis que possuía. Finalmente sua paciência se esgotou. Pediu demissão e entrou na justiça para tentar receber o que lhe deviam.

Outro amigo me contou que trabalhou em uma firma de projetos de reflorestamento, como vendedor. Foi a vários países da África, onde fez contratos no valor de alguns milhões de dólares. Tinha direito a uma gorda comissão, que lhe daria estabilidade financeira para o resto da vida. Mas, ao retornar ao Brasil, ficou sabendo que jamais receberia esse dinheiro, pois sua empresa havia falido.

Falências fraudulentas, que causam prejuízos enormes a pessoas inocentes, têm sido uma constante em nossos dias. E a prática de não se pagar um salário justo aos trabalhadores mancha a história da humanidade, mostrando, repetidas vezes, a exploração do homem pelo próprio homem.

Um dos piores casos de que se tem notícia é a exploração dos israelitas, durante os anos em que permaneceram no Egito como escravos. Quando subiu ao trono um novo Faraó, “que não conhecera a José”, “os egípcios, com tirania, faziam servir os filhos de Israel e lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro, e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o serviço em que na tirania os serviam” (Êx 1:8, 13, 14).

Trabalhar sob o sol abrasador do Egito, ora cozendo tijolos, ora abrindo canais para irrigar as plantações, ou cuidando do gado, sem a sombra de uma árvore sob a qual descansar era uma experiência extremamente dura.
Após uma noite trágica, na qual todo lar egípcio chorou a morte de seu primogênito, os israelitas foram praticamente expulsos da terra. Mas, conforme Deus havia prometido, não saíram de mãos vazias (ver Êx 3:21). Ao pedirem aos seus vizinhos joias de prata e ouro, bem como vestimentas, receberam até mais do que pediram, o que não foi senão uma compensação parcial por seus muitos anos de trabalho escravo.

A experiência do povo de Israel nos mostra que Deus põe limites à opressão. “Ao mais poderoso governador, ao mais cruel opressor, diz Ele: ‘Até aqui virás, e não mais adiante’ Jó 38:11” (Patriarcas e Profetas, p. 694).

Rubem M. Scheffel

Alegria no Senhor


Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos. Filipenses 4:4

Há pessoas que vivem de maneira confortável e, do ponto de vista material, possuem tudo o que desejam. Estas deveriam ser as mais felizes e gratas a Deus. Entretanto, são, muitas vezes, as que estão sempre reclamando de tudo e não demonstram gratidão pelas bênçãos recebidas.

Por outro lado, muitos dos que teriam reais motivos para se queixar são justamente os que honram a Deus com seus lábios, demonstrando gratidão e louvando-O, mesmo em circunstâncias adversas.
O apóstolo Paulo, que nos aconselha a sempre nos alegrar no Senhor, é um destes exemplos – alguém que tinha motivos de sobra para reclamar da vida, por causa dos sofrimentos e provações a que foi submetido. Recordemos, por um momento, de sua descrição das adversidades pelas quais passou:
“Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas, uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes, uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; [...] em frio e nudez” (2Co 11:24-27).

Certamente, nenhum de nós passou por tantas dificuldades e enfrentou tantas lutas e perigos. O corajoso apóstolo finalmente perdeu também a liberdade, mas não a esperança. Havia sido destituído de todo e qualquer conforto que esta vida pudesse oferecer, mas nenhuma situação ou pessoa conseguiu tirar-lhe a alegria de viver em Cristo e para Cristo. E do fundo de uma sombria e úmida prisão, escreveu aos filipenses e a cada um de nós: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fp 4:4).

Mais tarde, escrevendo a Timóteo, Paulo disse que o alimento e a roupa devem ser a base de nosso contentamento: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6:8).
Milhões de pessoas vão para a cama com o estômago vazio, todas as noites. Milhões não têm um teto onde se abrigar. Outros tantos mal têm o que vestir. Se você não está entre estes, aprenda a contar as bênçãos. E alegre-se sempre no Senhor.

Rubem M. Scheffel,

Com a eternidade no coração


Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem. Eclesiastes 3:11

“Nas profundezas da alma humana se acha implantada a inquietação pelo futuro. Essa percepção do infinito no tempo e no espaço produz insatisfação com a natureza transitória das coisas desta vida. É o plano de Deus que o homem perceba que o atual mundo material não constitui o centro de sua existência. Ele se acha ligado a dois mundos: fisicamente a este mundo, mas mental, emocional e psicologicamente ao mundo eterno” (SDA Bible Commentary, v. 3, p. 1075).

Certa vez, Agostinho escreveu que cada um de nós tem dentro de si um oco cavado por Deus. Você pode tentar preencher esse vazio com qualquer coisa que existe no mundo, mas nunca vai conseguir, pois é um vazio imenso, infinito como Deus, e que só Ele pode preencher.

Os seres humanos têm tentado de tudo, na ânsia de preencher esse vazio cavado por Deus. Diz C. S. Lewis: “O que Satanás pôs na cabeça de nossos primeiros pais foi a ideia de que eles poderiam ser como Deus, como se fossem independentes e tivessem vida em si próprios; que eles poderiam inventar algum tipo de felicidade sem Deus. E dessa tentativa infrutífera surgiu quase tudo na história humana – riqueza, pobreza, ambição, guerras, prostituição, classes, impérios, escravidão – a longa e terrível história do homem tentando achar outra coisa, menos Deus, para fazê-lo feliz.

E por que isso nunca deu certo? É porque Deus nos criou, nos inventou, assim como um fabricante inventa uma máquina. Se um veículo é fabricado para ser movido a óleo diesel, ele não vai funcionar direito com outro combustível. E Deus criou a máquina humana para se mover nEle. Ele é o combustível que nos faz agir, o alimento do qual precisamos para nos nutrir. Não há outro.”
Muitos povos achavam que eram espertos demais para precisar de Deus. Pensavam que poderiam preencher esse vazio infinito com poder, caviar, ou malas cheias de dinheiro. Mas nunca conseguiram.

Talvez você também sinta dentro de si esse vazio. Não perca tempo e esforço tentando preenchê-lo com trabalho, estudo, sexo, divertimentos, viagens. Você poderá conseguir distrair-se por algum tempo, mas quando a sua máquina começar a engasgar e a tossir, por ter usado combustível errado, você vai ter de parar e pensar que a única solução é nEle viver, se mover e existir (At 17:28).
Deus está lhe mandando agora a seguinte mensagem: “Eu o amo e preciso de você. E você precisa de Mim também. Ouviu bem?”

 Rubem M. Scheffel

As injustiças da vida - Rubem M. Scheffel


Todavia, de acordo com a Sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça. 2 Pedro 3:13, NVI

Tancredo Neves, eleito presidente do Brasil, não chegou a assumir o mais alto cargo da Nação, pois foi vitimado por uma insidiosa doença. Ao perceber que não chegaria a ocupar o ambicionado posto, exclamou: “Eu não merecia isto!”
Esta tem sido a experiência de muitos na vida: trabalharam arduamente para alcançar um ideal, mas na hora de desfrutar o pouco que esta vida tem a oferecer, ficaram doentes ou baixaram à sepultura com a sensação de terem sido apunhalados pelas costas. A vida lhes foi injusta!
Outros depositaram suas esperanças em um filho, que se desviou do caminho, perdendo-se nos labirintos do crime, das drogas, ou morrendo prematuramente. E agora exclamam, desapontados: “O que é que eu fiz para merecer isto?”
Este também poderia ter sido o sentimento de Moisés, após liderar o povo de Israel durante 40 anos de peregrinação pelo deserto. Ao avizinhar-se da terra prometida, Deus mandou-o subir ao Monte Nebo, ao cume de Pisga:
“Ali o Senhor lhe mostrou a terra toda: de Gileade a Dã, toda a região de Naftali, o território de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá até o mar ocidental, o Neguebe e toda a região que vai do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. E o Senhor lhe disse: Esta é a terra que prometi sob juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó, quando lhes disse: Eu a darei a seus descendentes. Permiti que você a visse com os seus próprios olhos, mas você não atravessará o rio, não entrará nela” (Dt 34:1-4, NVI).
Que castigo por causa de um único erro: ter ferido a rocha quando deveria ter falado a ela! (Nm 20:7-11.) Moisés poderia ter argumentado com Deus, dizendo: “Mas Senhor! E os 40 anos de murmurações, contendas e desafios que suportei desse povo, não valem nada? É verdade que perdi a paciência uma vez, mas ninguém é de ferro! É crueldade me mostrar a terra prometida, me deixar com água na boca, para então me dizer que não vou entrar nela. Que injustiça, Senhor!”
Mas não há registro de que Moisés tenha reclamado da decisão divina. Ele morreu ali mesmo, confiante no Senhor, e foi por Ele sepultado. E então vem o melhor: Deus o ressuscitou e o levou para aquela outra Terra Prometida, infinitamente melhor do que a terra de Gileade, que o território de Efraim, o vale de Jericó e tudo o mais.
E isto deixa claro um ponto: esta vida não é justa. A justiça, bem como a misericórdia e o amor de Deus, nós vamos experimentar, em sua plenitude, depois de passarmos pelo túnel escuro desta vida e chegarmos ao reino celestial.

 Rubem M. Scheffel

A vida é curta - Rubem M. Scheffel


Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta. Salmo 90:10

Eu e você temos pelo menos uma coisa em comum: Deus nos deu exatamente o mesmo espaço de tempo cada dia. Cada um de nós recebe 24 horas por dia para viver. Isto é igual para todos.
Segundo a Bíblia, nosso tempo médio de vida é de 70 anos. Em alguns casos, pode chegar a 80, ou até mais, dependendo do vigor físico. Alguns anos atrás dirigi, em Maringá, um culto de ação de graças solicitado pela família de Emílio Doehnert, que estava completando 100 anos de idade! Depois disso, ele viveu mais três anos, e então dormiu no Senhor.
Moisés, o provável autor deste salmo, viveu 120 anos (Dt 34:7), e seu irmão Arão, 123 (Nm 33:39). Mas esses podem ter sido casos excepcionais. Ainda assim, é muito pouco, se comparado com a idade que os patriarcas atingiam: Adão, 930 anos; Sete, 912; Jarede, 962. E o campeão de todos, Matusalém, viveu 969 anos. Quase um milênio! Hoje, a nossa vida está reduzida a menos de um décimo disso.
Mas o que o salmista está realmente querendo nos ensinar, através deste texto, é que, mesmo que você viva 80 anos ou mais, a vida é curta, se comparada com a eternidade. No fim do verso 10, do Salmo 90, seu autor diz: “Porque tudo passa rapidamente, e nós voamos.”
Davi diz a mesma coisa com outras palavras: “O homem é como um sopro; os seus dias, como a sombra que passa” (Sl 144:4). E o apóstolo Pedro, citando Isaías, diz: “Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor” (1Pe 1:24; ver Is 40:6, 7).
Estas são maneiras diferentes de dizer que a vida do homem é transitória. Que estamos aqui por pouco tempo. Diante dessa realidade, o grande desafio que temos é o de usar sabiamente o curto espaço de tempo que Deus nos concede. É isso que diz o Salmo 90:12: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.”
E que sabedoria será essa, na qual devemos aplicar nosso coração? Sem dúvida alguma, é aquela que nos leva a utilizar nossa vida como preparativo para a vida eterna. Esta vida deve ser a escola que nos educa para a eternidade. Esta é a mensagem central deste salmo. Ao compreendermos que a vida é um sopro que logo se extingue, devemos aplicar cada minuto naquilo que realmente tem valor – o preparo para a eternidade.

Rubem M. Scheffel

Como ter um ano feliz!


Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Mateus 6:33

Jesus gostava da palavra primeiro. Utilizou-a em várias ocasiões para demonstrar que na vida há prioridades: “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão”, “tira primeiro a trave do teu olho”, “limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo”, “este é o grande e primeiro mandamento”...
Se quisermos ter, não só um ano feliz, mas uma vida feliz, precisamos tomar a decisão de seguir a prioridade indicada por Jesus: buscar a Deus em primeiro lugar. Ou seja: o espiritual deve vir antes do material.
Jesus olhava com simpatia para as pessoas que davam prioridade às coisas espirituais. Por isso, aprovou a conduta de Maria, que ficava “assentada aos pés do Senhor a ouvir-Lhe os ensinamentos”, enquanto sua irmã “Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços” (Lc 10:39, 40).
Para nós, entretanto, é mais fácil simpatizar com Marta. Afinal de contas, preparar comida para, talvez, mais de quinze hóspedes, não é tarefa para uma pessoa só. Se Marta largasse tudo e também viesse assentar-se aos pés de Jesus, não haveria almoço para ninguém. Será que Jesus não foi injusto com Marta?
Não, se nos lembrarmos que Jesus estava atendendo às Suas prioridades: buscar e salvar o perdido. E Maria era uma dessas pessoas, que tinha urgência de saber que para ela também havia esperança de salvação. Maria conhecia tudo sobre o pecado. Mas com Jesus ela aprendeu sobre o perdão. E o amor. Por isso, assentou-se aos Seus pés.
As Marias de hoje precisam também assentar-se aos pés de Jesus. Elas não devem se ocupar dos trabalhos domésticos enquanto não souberem que são amadas. E o mesmo devem fazer as Martas de nosso mundo. Elas precisam entender o que é amar e ser amado. Caso contrário, suas palavras de reprovação e impaciência poderão levar as Marias a mergulhar novamente nas profundezas do pecado e a se perder – talvez para sempre.
Primeiro, assentemo-nos aos pés de Cristo. Depois, sim, vamos cuidar dos afazeres domésticos e profissionais. Se buscarmos primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, teremos um ano feliz.


Rubem M. Scheffel